DCAT IV - Louis

por **Alphonse Louis** Qua Dez 14, 2011 3:02 pm

Após arrumar as coisas em minha casa e pegar alguns documentos no Departamento de Criaturas Mágicas, retorno ao castelo. Era considerável o tempo que não assistia as aulas, devido ao período em que estive em missão do Ministério. No entanto, jamais mantive-me desatualizando, pois aproveitei esse tempo para ler e reler todas as obras e artigos solicitados em Hogwarts, assim como alguns exemplares não inclusos, mas que dão um maior auxílio a qualquer um que se interesse pelo assunto. Mas sinceramente, de que adiante ter uma mente saudável, se o corpo não a acompanha, estando enferrujado e despreparado.

Essa era minha dificuldade no momento e por isso mesmo, aceitei as condições impostas pela diretoria: ter aulas nas férias, enquanto os demais descansavam em suas casas ou dormitórios. Por sorte, se assim posso dizer, não era somente eu quem estudaria nas férias, mas todos os funcionários do Ministério que ainda estudavam em Hogwarts, pois o trabalho de meio período mudou significativamente suas grades curriculares.

Dei uma breve passada em meu dormitório, apenas para guardar minhas malas e alguns pertences, pois estava quase na hora do primeiro período de aula. Tratei de me agasalhar bem, pois o tempo lá fora estava piorando cada vez mais e não tinha certeza de quanto tempo levaria para finalizar a aula. Chequei os bolsos do casaco para ver se não havia esquecido nada, varinha; relógio; barra de amendoim e algumas faixas caso me ferisse no treinamento. Ergui a gola e dando uma leve encurvada, rumei para a Orla da Floresta Proibida.

Como esperado, não havia muita gente ali, apenas aqueles que não conseguiram por em dia suas situações. Busquei manter-me em silêncio, não estava a fim de demonstrar minha baixa resistência ao frio, embora minha última missão ter sido em terras gélidas, não estava acostumado com aquilo.
Já não sentia mais a ponta do nariz e quando tirei a mão para apertá-lo, numa tentativa de esquentar um pouco, ouço a voz do professor à nos falar.

- Ora ora, se não são nossos ilustres funcionários do Ministério. O que deve-se a honra dessa visita a nossa humilde Hogwarts? Todos nós nos entreolhamos, ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo ou como se portar. Será que estavam com raiva de nós, por termos deixado os estudos de lado? Não sabia, na verdade, não sabia de mais nada. - Me desculpem meus caros, não pude me conter. Foi quando o professor caiu na gargalhada, nos deixando ainda mais confusos.

- Não entendam errado, ninguém aqui está julgando ninguém, é só que, nos preocupamos com nossos alunos, não gostaríamos de ter que relatar ao Ministério que seus novos funcionários estão negligenciando seus estudos. Levou suas mãos aos bolsos do sobretudo, dando alguns passos a frente e fazendo sinal para que o seguíssemos. - Mas tudo bem, é errado pedir tanto dos jovens, vocês aprenderão aos poucos, isso será bom. É, será bom, aprenderão a ter mais responsabilidades e...enfim, vamos dar início a essa aula, porque o frio está de matar. Jamais vi o professor tão descontraído, ainda mais pelo dito ocorrido. Mal sabia o que estava por vir.

- Hoje vocês vão aprender sobre um feitiço muito útil, o Protego Totallum. Não acredito que lembrem-se, mas este, é uma variação do feitiço anterior que, ao invés de proteger apenas na direção de onde se aponta a varinha, cria um escuro global em volta do bruxo que o executar. É muito útil se estiver se defendendo de um ataque de Vespas-flamingo, que o sr. Louis deve ter conhecimento, eu espero. Para executar o feitiço, apontem para cima e digam “Protego totallum!” .

Engoli em seco e mantive o olhar para baixo, com um certo peso nas costas, que logo, percebi que não era somente eu que carregava-o, todos ali também sentiam-se assim, como se nossa negligência nos custasse mais do que aquelas aulas, mais sim, a confiança a nós depositada. Que belo exemplo estávamos sendo para os novatos tsc.

- Dessa máquina vocês se lembram, certo? Sim, usaremos ela novamente. Quero que treinem o feitiço dez vezes, até não receberem nenhum ataque da máquina. E pra deixar as coisas mais interessantes… - com um sorriso sádico e um simples aceno de varinha a máquina gerou uma cópia que gerou outra e outra até estarem oito máquinas em círculo. - Vão para o círculo e defendam-se de todos os ataques usando o escudo global do Prótego totallum. Boa Sorte, vocês vão precisar. COMEÇEM!!!

Antes de me adentrar, coloco o óculos de proteção, pois as memórias daqueles tomates estourando em meu rosto não eram nada boas. Após ajustá-los, segui em direção ao meio do círculo, onde tentei manter a calma e lembrar das instruções dadas pelo professor, mas tudo que vinha a mente era a bronca que levamos. As máquinas começaram a vibrar e sacudir, sinalizando que estavam prontas para um tremendo massacre. - Protego tot... não deu tempo de conjurar o feitiço e fechando os olhos me preparei para o bombardeio e a sujeira que os tomates iriam produzir. - Ouch! Quem dera fosse isso, devido ao frio, os tomates estavam congelados e sólidos como pedras, resultando em várias contusões onde atingiram em meu corpo.

Tentando me recompor, levanto-me e inspiro fundo, o ar frio desceu rasgando em minha gargante, o que somou as dores. mas não podia fraquejar, todos estavam dando o melhor de si, não seria eu que iria desistir. Saquei novamente a varinha e pronunciei com entusiasmo.- Protego totallum Mas não só de entusiasmo e desejos que um feitiço é realizado, na verdade, nem se quer vi vestígio da barreira, apenas aquelas oitos enormes frutas vindo em minha direção, onde pude esquivar de algumas, sendo acertado apenas nas pernas.

Esfregando um pouco o local onde fora atingido, apertei os olhos e contraí o maxilar, não estava gostando nada do resultado daquela aula. Tentei lembrar de como realizara a aula passada, a primeira forma de proteção, mais simples e menos dolorosa. - Protego... E um arco começou a se formar em minha frente, continuei ...totallum, mas infelizmente o arco se desfez e fora atingido novamente pelos tomates.

- Quase, mas é para usar a proteção global sr. Louis, proteção global. Já sabia disso, não precisava repetir, só não estava conseguindo realizar. Respirando pausadamente, tentei manter o controle de meus pensamentos, mas os fatos ocorridos ecoavam dentro de minha cabeça, forçando-me a agir sem pensar. - Protego totallum E mais um ponto para as máquinas, que se estivessem vivas, estariam se contorcendo de tanto rir de meu fracasso.

Aquela última pancada havia surtido mais efeito que as demais, fazendo-me cair na neve. Deitado, entregue as dores, comecei a pensar, pensar em tudo, desde minha insignificância, a composição daquelas máquinas, porque alguns insistiam em não acreditar que o tomate era uma fruta, realmente tudo. Mas não havia tempo para perder, tinha que aprender a me defender e logo. - Protego totallum Mas nada, pelo menos dessa vez, conseguira me esquivar de todos os tomates, mas não me vangloriava, pois uma forte brisa tinha parte nisso, mudando todo o percurso dos tomates.

Olhei para os lados e pude constar que não só eu, mas os outros também não estavam conseguindo, no entanto, alguns conseguiam formar um arco parcial. Pensei em perguntar como faziam, mas optei por ficar na minha, além de não querer atrapalhá-los, o professor poderia se irritar mais ainda e era a última coisa que queria no momento. Saquei a varinha e voltei ao meu treino - Protego totallum

É, já estava tornando-se massante aquele treino, o fato de não conseguir conjurar o feitiço estava me enlouquecendo. - Protego totallum Não havia pego o principal daquele feitiço, o que gerava toda a energia suficiente para realizá-lo. Talvez conseguiria quando entendesse melhor o que havia a ser feito. Comecei então a buscar os vestígios em minha memória, algo que faltava, que encaixasse naquela situação.

Comecei a lembrar das aulas particulares, sobre física e matemática, que tivera logo na infância, mesmo assim, não sabia o que a circunferência ou o raio se encaixariam naquela situação. Não havia nada a calcular, a distância não importava muito e sim...será? Será que era tão simples assim? - Protego totallum E pude ver uma pequena massa formando-se diante de meus olhos, esticando lentamente e ganhando uma forma circular, mas logo fora desfeita.

Talvez essa seja a resposta, não tinha nada a ver com cálculos ou fórmulas, mas sim com a intensidade em que se produzia. Primeiro de tudo, deveria visualizar o globo dentro de mim, eu sendo o próprio globo e aos poucos, ir expandindo, ganhando forma. - Protego totallum! Mas não era uma tarefa simples, requeria muita concentração e mesmo assim, alguns tomates conseguiram atravessar a barreira, atingindo de leve minha canela.

Embora a última tentativa não tenha sido perfeita, já tinha uma noção do que fazer. Agora muito mais tranquilo e relaxado, juntei as mãos em forma de prece e aos poucos, estiquei o braço sacando a varinha. - Protego totallum!!! O pequeno círculo que até então só existia dentro de mim, se materializou em minha volta, neutralizando e repelindo todos os tomates que outrora me atingiram.

No final, estava com o corpo repleto de hematomas e algumas contusões. No entanto, todo aquele esforço valera a pena, pois ajudou a restaurar a confiança que havia perdido ao decepcionar à todos e me impulsou a ter uma mais frequência nas aulas, dedicando-me cada vez mais para dar um bom exemplo aos mais novos.

Agora, tudo que precisava era de um bom banho quente e alguns anti-inflamatórios, que conseguiria com a Madame Ponfrey, na enfermaria.