Edgar, O Negro
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Edgar, O Negro
Gênero: Romance histórico
Sinopse: Edgar é um jovem Norueguês que possue cabelos negros e olhos escuros e que ama a terra. Isso o coloca como um estranho para a comunidade viking do qual faz parte, já que em geral os vikings são loiros de olhos claros apaixonados pelo mar. Mas quando entra meio que sem querer em uma jornada pelos mares e rios do Norte Européu, acaba desvendando mistérios sobre sua mãe e começa a descobrir que pode ser grande mesmo sendo diferente...
Capitulo I - A gota negra no oceano verde (Conheça o protagonista)
Sinopse: Edgar é um jovem Norueguês que possue cabelos negros e olhos escuros e que ama a terra. Isso o coloca como um estranho para a comunidade viking do qual faz parte, já que em geral os vikings são loiros de olhos claros apaixonados pelo mar. Mas quando entra meio que sem querer em uma jornada pelos mares e rios do Norte Européu, acaba desvendando mistérios sobre sua mãe e começa a descobrir que pode ser grande mesmo sendo diferente...
Capitulo I - A gota negra no oceano verde (Conheça o protagonista)
- Spoiler:
Nas Terras gélidas da Noruega, habitava uma nação de habilidosos guerreiros do mar, maestros da navegação, senhores das águas. Eram em geral homens corpulentos de pele branca e pálida como o interior das ostras. Seus olhos eram claros e suas cabeleiras douradas assim como seus braceletes ou broches. Suas barbas eram compridas para servir de proteção ao vento e ao frio cortante. Usavam uma veste confortável e flexivel, mas também corpulenta e resistente; Precisavam suportar a resposta dos inimigos. Isso mesmo, os inimigos só respondiam aos ataques. Eles eram sempre os que começavam a batalha. Eram os maiores saqueadores da época. Muitos termos grotescos foram utilizados para nomeá-los, mas o que melhor lhes coube foi o nome de Vikings, os Nórdicos.
Todavia, apesar de serem em geral parecidos, havia vikings diferentes, poucos. Edgar era um deles. Embora tivesse a pele rosada, como os outros, era conhecido por Edgar, O Negro, mas também o chamavam de Douglas, que no gaélico-escocês significa águas turvas. Tratava-se de um jovem que possuía os cabelos negros como fuligem e olhos escuros como as fendas profundas do pacífico. Essa aparência diferenciada muito o destacava dos demais; Pelo menos era o que sentia. Detestava seus cabelos negros, desprezava sua condição de negro entre os Loiros. Mas ele não estava só... Tinha esse consolo. Seu tio também era diferente. Seu nome era Erik, o Vermelho. E dá para deduzir o porquê. O cabelo e a barba do velho homem eram intensamente rubros. Entretanto, o tempo estava levando sua cor original e colocando em seu lugar os fios brancos.
- A barba dele parece com uma bola de neve banhada de sangue - comentavam outros jovens que haviam visto Erik antes dele ter viajado.
E era verdade, pelo menos por pouco tempo. Logo todos os fios seriam brancos. Isso fascinava Edgar. Ele ansiava muito para quando ficasse velho e seus fios sem cor nascessem no lugar dos escuros e então deixasse sua fama de Negro. Mas estava ainda no desabrochar da adolescência. Sua vida contava apenas alguns poucos invernos. Teria de se conformar com o seu título de Negro. Seu pai, Andrei, um dos poucos comerciantes entre tantos marinheiros, lhe dizia insistentemente que a cor de seus pelos não fazia dele melhor ou pior que qualquer outro viking, coisa de que Edgar nunca se convencia. Teimava na idéia de que era um portador de algum defeito, dono de alguma doença ou mesmo que não passava de um amaldiçoado.
Desprezando-se esse pequeno ‘probleminha’ de Edgar, no resto ele era igual a qualquer outra criança viking. Quero dizer, tem outra coisa... Outra característica que Edgar tinha de diferente dos outros vikings. Ele era um apaixonado pela terra. Fascinado pelas rochas e minérios, vales e montanhas. Isso sim, lhe diferenciava de forma prejudicial. Os outros Vikings eram homens dos rios, mares e oceanos. Isso era um carma. Apesar disso, Edgar não revelou sua 'paixão secreta' para ninguém, e até então não tivera problemas.
Agora sim, vimos tudo que de especial possue o Edgar – pelo menos tudo o que é preciso saber de início. No resto, ele vivia como uma criança viking qualquer. Crianças essas que se reuniam sempre na casa da velha Brígida e de seu marido o Sr.Vladimir, durante o longo e violento inverno. Os dois eram, de longe, os maiores contadores de histórias da Noruega, e o senhor Vladimir tinha uma nova aventura para contar, que ele chamava de 'O Monstro Marinho Irlandês'.Todos estavam ansiosos pelas palavras do Bardo.
Re: Edgar, O Negro
Capítulo II - O olhar sombrio
- Spoiler:
- Brígida e Vladimir eram os bardos mais prestigiados da Escandinavia. Brígida foi o fruto de um romance entre um viking e uma nobre germânica. Esse casal não pode viver junto. Então, disfarçando a gravidez, a nobre mulher se casou com um príncipe, alegando depois que a filha era dele. Mesmo assim, a mãe de Brígida nunca omitiu da filha quem era seu verdadeiro pai. Quando cresceu, Brígida desprezou o luxo e a mordomia de sua vida nobre e abraçou o mundo como maior companheiro. Viajou por toda a Europa, chegou até a conhecer alguns países da África. Lugares tão quentes que as crianças vikings jamais conseguiriam imaginar.
O Sr. Vladimir foi um grande líder, e havia a pouco tempo deixado seu ofício e se tornado um Bardo, um semeador de lendas. Naquela noite, ele narrava para os pequenos como foi uma das suas ultimas aventuras, ocorrida a cerca de dez anos, nos mares irlandeses. Ele tinha uma voz rouca e macia, gostosa mesmo de se ouvir. Ditava as palavras como quem mastiga um pedaço de carne muito saboroso.
- O vento urrava com fúria – narrava o Senhor Vladimir, de olhos arregalados que quase saltavam sobre os ouvintes que se acomodavam no piso. – Parecia está irado com os homens. As ondas batiam ferozes contra a casca do navio, ameaçando nos derrotar. Mas os homens eram valentes, persistiam com coragem e fé, crentes de que juntos superariam aquele grande mal. A união e a confiança no companheiro eram as nossas mais valiosas armas. Os Vikings devem sempre trabalhar juntos, como em um grande cardume...
- Como as rochas que formam as montanhas. – arriscou Edgar, chegando a corar de timidez por te tido a ousadia de interromper a narrativa.
- Exatamente, garoto – disse Vladimir, com um sorriso de cumplicidade. Por um tempo, pareceu que o velho homem observava os cabelos de Edgar, curioso. Mas logo ele redirecionou sua concentração à estória:
– ...Como as partículas de minerais que formam juntas um grande monte. Unidos nós poderíamos passar por tudo aquilo. Direcionamos o navio para o mesmo sentido do vento. Assim, a embarcação não daria de cara com as ondas. Muito pelo contrário; Desse modo, tínhamos o balanço da água em nosso favor. Ninguém sabia para onde ir: o céu nublado nos privou da orientação estrelar. E se não sabíamos para onde ir, o trajeto certo seria o mais fácil. Até por que, não faltam ilhas no norte Irlandês.
“A esperança de escape se intensificava nos corações dos meus companheiros. Foi então que a coisa desandou. Paf! Uma batida ensurdecedora foi sentida. Pela segunda vez, quase que o navio se arrebentava. E então, ele apareceu... Primeiro revelou sua cauda escamosa do comprimento de um grande tubarão, muito espessa e grossa. Ela bateu no navio e derrubou um dos homens na água. Logo em seguida, a cauda submergiu novamente. A criatura ficou silenciosa por algum tempo. Nesse meio tempo nada fizemos. O assombro havia nos paralisado. Foi aí que tive uma das piores visões da minha existência. Um corpo foi atirado numa altura que se perdia de vista. O sangue jorrava sobre nossas cabeças, se dissolvendo na água sobre o piso do navio.”
As crianças estavam chocadas. Algumas poucas pareciam excitadas. Edgar permanecia quieto, maravilhado. Até os vikings mais velhos prestavam atenção nas palavras do Bardo.
- Um lagarto gigantesco brincava com o corpo do pobre rapaz, do mesmo modo que uma foca arremessa um pinguim para amaciar a carne. Possuia um pescoço longo e dentes amolados que tinham forma de machados. Seu tamanho total se comparava ao das maiores baleias. E, entre dois dentes de baixo, do lado direito, se encontrava preso algum objeto que me atraiu a atenção. Daí, quando pausou sua brincadeira, ele me encarou. Meu corpo estremecia. Aqueles olhos... Que olhos... Olhos penetrantes e perversos. Pareciam querer me envolver. Seu olhar era uma adaga que perfurava as almas. Olhos negros como as profundezas dos mares ou como o céu noturno em uma noite sem estrelas...
O Sr. Vladimir disse essa ultima frase como quem profetiza um mau presságio. Edgar ficou estupefato, surpreso pela infortuna semelhança.
-... Foi então que ele nos atacou. Atirou seu corpo descomunal contra o navio e levou outros homens à água. Foi um banho de sangue. Perdas lamentáveis, bravos senhores, honrosos nórdicos, dignos de serem escritos nas páginas da historia e na memória de seu povo... – disse o senhor Vladimir, em tom pesaroso, provocando comoção em muitos. E, após se livrar de um floco de neve que havia caído e derretido em seus olhos, ele concluiu – Depois de quase uma dúzia de nórdicos ser abatida, um silêncio amargo foi sentido e a criatura retornou para seu lar nas profundezas, provavelmente satisfeita com o banquete.
Re: Edgar, O Negro
Capítulo III - A viagem inesperada
- Spoiler:
- Conforme passavam as horas e os vikings se distraiam com estórias, música e comida, o inverno se desfrigurava e dava lugar a um clima mais confortável. Os homens e mulheres se preparavam para mais um semestre de pesaroso trabalho.O pai de Edgar, Andrei, já conversava com seus amigos sobre os projetos para o verão.
- Eu e outros homens pretendíamos ir logo ao mediterrâneo, negociar peles com os árabes. Mas alguns pensam em primeiro ir à Rússia. Temos coisas para levar até lá. Estou um pouco indeciso... Claro, não dá para concilia as duas viagens... Quem sabe meu amigo Haroldo, da Islândia, não aparece por aqui, antes de seguir sua costumeira viagem à Rússia? Ele mesmo podia fazer o trabalho.
-Rússia? A terra para onde fugiu sua mulher, Andrei? Tem certeza que é uma boa idéia? – Disse um dos que ouviam, provocando sussurros que se transfiguraram em um silencio curioso.
- Não tenho mulher. Já tive uma, mas a perdi, para sempre. Não vejo o porquê de recear em ir aos rios russos...- respondeu Andrei, quase pulando por cima do outro.
- Eu não tinha a intenção de disser isto – desculpou-se o homem – só pretendia averiguar os fatos... – Tomou um gole de vinho e não falou mais.
O inverno lentamente se foi, e um clima mais confortável se apossou da região. Os primeiros navios seguiram viagem e as plantações foram iniciadas. Era uma época encantadora para Edgar, pois o trabalho no campo era intenso. Já estava pronto para sair quando foi abordado pelo pai.
- Aonde vai Edgar?
- Vou ajudar Elga a arar o terreno. Adoro ver aqueles cavalos revirando a terra...
- Tome cuidado, conheço os cavalos dela, e não são dos mais dóceis.
- Não se preocupe comigo. Siga o exemplo da mamãe; deixe que a aberração se vire por conta própria. – rebateu o garoto, com um leve tom de ameaça. Seu pai olhou para o alto, pensativo, com um sorriso amargo.
- Não se pode passar a vida toda tratando a si próprio como coitadinho. É preciso saber lidar com os danos irreparáveis – disse Andrei, com uma voz pesada.
- Não fale comigo desse jeito, como se os erros fossem meus!- urrou o garoto.
- Não estou lhe acusando. Só quero que tome consciência de que é uma perca de tempo revirá o passado em procura de provas para culpar quem quer que seja. Não vale a pena.
Edgar ficou calado, aparentemente se esforçando em reprimir a raiva. Saiu violentamente pela porta, sem mais palavras. Mais tarde, o Andrei ficou sabendo que o filho não tinha ido à plantação da Madame Elga. O tempo passava e nenhum sinal de onde estava o menino.
Edgar tinha buscado refulgiu em um baú, um grande baú, de onde ele removeu algumas jarras de vinho. Chorava freneticamente, segurando com firmeza sua pedra onde se encontrava uma cabeça fossilizada de um peixe miúdo. Era o único presente que recebeu da mãe, quando ele tinha apenas três anos, antes dela partir. Chorou tanto que caiu em sono profundo. Sonhou que estava em uma superfície de madeira, em pleno oceano, sem ninguém para lhe fazer companhia além da água e do céu. Ao despertar, chegou a achar que ainda estava no sonho, pois sentia o balanço das ondas, mas quando levantou a tampa foi perseguido por olhares confusos. Observou ao redor, estupefato. Aparentemente, havia embarcado em um navio viking de saque.
Re: Edgar, O Negro
Capítulo IV – O falcão, o gato e o rato molhado
- Spoiler:
Edgar deu uma olhada analítica para os homens, mas não reconheceu ninguém. Sendo pego com violência, sem meias palavras, ele foi conduzido para a parte superior do barco. Lá ele pode confirmar que estava em alto mar. Sequer havia um pequeno ponto no horizonte que se poderia pensar ser terra seca. O garoto estava sendo vigiado por um carinha de meia estatura com o rosto exageradamente decorado por peças de aço, cobre e bronze que estavam sustentadas em perfurações na pele.
- Não é perigoso? Pode infeccionar... – falou Edgar, consciente de sua ousadia.
- Não sou um pirata imundo dos mares mediterrâneos. Eu sou um viking, esqueceu? Tenho noções de higiene... – Respondeu o homem, com uma voz elevada.
Logo em seguida, um gato cinzento de listras escuras se aproximou dos dois e o homem o pôs entre os braços.
- Um gato? Para quer? Existem ratos por aqui? – indagou o menino, recebendo em troca um olhar furioso.
- NÃO SE REFIRA A NÓS COMO SE FOSSEMOS PORCOS SUJOS!
- Me perdoe, me perdoe – disse Edgar, nervoso – não foi o que quis dizer...
O homem pareceu acalma-se e, massageando o felino, explicou.
- Isso não é um gato, é um homem. Um príncipe esnobe que foi amaldiçoado e condenado a viver na forma de um animal. Ele só tem permissão de voltar à forma humana apenas para socorrer os que precisam de ajuda. E é para ajudar que ele está conosco.
Um pingente em especial, no lábio superior, possuía uma pequenina pedra brilhante, aparentemente um diamante, que cintilava freneticamente ao refletir a luz do Sol. Edgar ficou em transe, por alguns instantes. ‘Decididamente louco’, pensou. Contudo, sua atenção mudou logo de foco. Um ser robusto e absurdamente alto se aproximou dele, dando-lhe um breve estante de calafrio. Tinha em seu ombro um animal gigantesco; Um falcão. O homem abriu um sorriso amarelo e lhe perguntou seu nome, em tom delicado.
- Edgar, senhor. Sou um viking norueguês... Chamam-me de O Negro.
- Sim, Norueguês – disse o gigante – Isso faz sentido, pois se tivesse vindo conosco da Islândia já teria falecido.
‘Islândia!’, pensou Edgar, ‘ essa é aquela terra distante que meu tio Erik, O Ruivo visitou antes de seguir viagem ao mundo perdido... Uma terra de vulcões!’
- Meu nome é Haroldo, O miúdo, como preferem alguns... – apresentou-se o capitão, sorrindo bobamente – Agora me diga pequenino norueguês: Como e por que veio parar no meu navio?
Depois de um curto esclarecimento, Edgar compreendeu que estava no navio incumbido pelo seu pai de levar as jarras de vinho à Rússia. Para seu desgosto, não tinha outra opção senão continuar na embarcação até a viagem de volta. Os homens lhe improvisaram tudo o que fosse necessário, embora as roupas, apesar das costuras, tenham ficado incomodamente largas.
Alguns dias após o início da viagem, Edgar estava observando o mar, preocupado, quando viu uma ave gigantesca submergir da imensidão azul, com um grande peixe no bico.
- Chama-se Cacasta. Ela é o único falcão capaz de mergulhar em profundezas absurdas – sussurrou Haroldo, sobre a nuca do garoto – Seria capaz de levar uma criança em suas costas e mostrá-las os segredos de profundezas nunca antes observadas por um humano...
Edgar sorriu, maravilhado, e apontou um ponto distante, onde nuvens estavam acumuladas.
- Exatamente, é uma tempestade. E nós teremos de desafiala – Respondeu o gigante, deixando o coração de Edgar acelerado. E não tardou muito para eles alcançarem as nuvens sombrias e carregadas. O vento arriscava arrebentar as velas e a chuva inundava os estabelecimentos da embarcação. Edgar observava os homens correrem na escuridão de um lado a outro, enquanto se exprimia em um canto. O carinha cheio de metais no corpo o viu e gritou, zombando:
- Vejam só! Parece um rato molhado, tremendo de medo.
Nesse instante, algumas velas arrebentaram e se ouviu uma batida. O pior havia acontecido; eles estavam rodeados de rochas que tinham surgido da água com suas pontas absurdamente amoladas. Outras pancadas ocorreram, e em uma dessas Haroldo, que pilotava a embarcação, foi arremessado ao chão, caindo inconsciente. Não tinha ninguém para substituí-lo, só Edgar havia notada que o navio estava sem rumo.
Foi então que viu um vulto, como um gato, que se contorcia e ganhava volume, tomando a forma de uma sombra com contornos humanos. Esse homem assumiu o controle da embarcação com muita maestria. Edgar sabia que estavam salvos e, sentindo-se muito desgastado, caiu em um sono delirante.
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